domingo, 30 de janeiro de 2011

O BEM MAIS PRECIOSO

Conta o folclore europeu que há muitos anos atrás um rapaz e uma moça apaixonados resolveram se casar.



Dinheiro eles quase não tinham, mas nenhum deles ligava para isso.






A confiança mútua era a esperança de um belo futuro, desde que tivessem um ao outro.


Assim, marcaram a data para se unir em corpo e alma.


Antes do casamento, porém, a moça fez um pedido ao noivo:


– Não posso nem imaginar que um dia possamos nos separar. Mas pode ser que com o tempo um se canse do outro, ou que você se aborreça e me mande de volta para meus pais.


– Quero que você me prometa que, se algum dia isso acontecer, me deixará levar comigo o bem mais precioso que eu tiver então.


O noivo riu, achando bobagem o que ela dizia, mas a moça não ficou satisfeita enquanto ele não fez a promessa por escrito e assinou.


Casaram-se.






Decididos a melhorar de vida ambos trabalharam muito e foram recompensados.


Cada novo sucesso os fazia mais determinados a sair da pobreza, e trabalhavam ainda mais.


E tempo passou e o casal prosperou. Conquistaram uma situação estável e cada vez mais confortável, e finalmente ficaram ricos.


Mudaram-se para uma ampla casa, fizeram novos amigos e se cercaram dos prazeres da riqueza.






Mas, dedicados em tempo integral aos negócios e aos compromissos sociais, pensavam mais nas coisas do que um no outro.


Discutiam sobre o que comprar, quanto gastar, como aumentar o patrimônio, mas estavam cada vez mais distanciados entre si.






Certo dia, enquanto preparavam uma festa para amigos importantes, discutiram sobre uma bobagem qualquer e começaram a levantar a voz, a gritar, e chegaram às inevitáveis acusações.






– Você não liga para mim! – gritou o marido – só pensa em você, em roupas e jóias.


– Pegue o que achar mais precioso, como prometi, e volte para a casa dos seus pais. Não há motivo para continuarmos juntos.






A mulher empalideceu e encarou-o com um olhar magoado, como se acabasse de descobrir uma coisa nunca suspeitada.


– Muito bem, disse ela baixinho. Quero mesmo ir embora. Mas vamos


ficar juntos esta noite para receber os amigos que já foram convidados.


Ele concordou.










A noite chegou. Começou a festa, com todo o luxo e a fartura que a riqueza permitia.


Alta madrugada o marido adormeceu, exausto. Ela então fez com que o levassem com cuidado para a casa dos pais dela e o pusessem na cama.






Quando ele acordou, na manhã seguinte, não entendeu o que tinha acontecido.


Não sabia onde estava e, quando sentou-se na cama para olhar em volta, a mulher aproximou-se e disse-lhe com carinho:


– Querido marido, você prometeu que se algum dia me mandasse embora eu poderia levar comigo o bem mais precioso que tivesse no momento. Pois bem, você é e sempre será o meu bem mais precioso. Quero você mais que tudo na vida, e nem a morte poderá nos separar.


Envolveram-se num abraço de ternura e voltaram para casa mais apaixonados do que nunca.

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